Carlos da Maia
Maria Eduarda
Endeusada pelos olhos de Carlos, Maria Eduarda Maia
aparece-nos descrita como uma senhora de porte nobre, elegante e sensual,
dotada de espírito e virtuosa de encarnação.
Afonso da Maia
Possivelmente a única personagem a que Eça não associa
qualquer defeito. Firme, mas generoso e sensível, é o responsável pela louvável
educação de Carlos e a imagem do português sério e ideal, capaz e determinado.
Pedro da Maia
Pedro representa a pessoa frágil por excelência, “em tudo um
fraco”. Herdeiro da vulnerabilidade da mãe, sofre de uma debilidade amplificada
por uma educação exageradamente beata, centrada no Latim e no estudo das
escrituras, que o impede de sair e desfrutar a natureza, encarcerando-o num
verdadeiro purgatório terreno. De estatura pequena, também semelhante à da mãe,
adquire um corpo capaz de refletir a fragilidade da alma, extremamente sensível
e melancólica.
João da Ega
Eça utiliza-o para poder tomar parte diretamente na história
e denunciar, com caricaturas e observações satíricas, os valores que a obra num
todo parece condenar. Tem uma conduta reta e sempre fiel ao amigo Carlos, que
acompanha em tudo. Goza do privilégio de praticar a transição gradual de uma
personagem-tipo para uma personagem modelada. Revela complexidade psicológica,
que vai paulatinamente adquirindo ao longo da história. É, com a exceção de
Afonso da Maia, a única personagem a quem é concedida a descrição de uma
reflexão pessoal interior. É o alter-ego de Eça.
Maria Monforte
Mulher fatal, como a filha, responsável pela desgraça de
Pedro, Maria Monforte é descrita como dona de um corpo sensual, “semelhante a
uma deusa, a uma estátua de mármore” - possivelmente a Vénus no jardim do
Ramalhete. Contrastando com esta perfeição corpórea está a personalidade fútil
mas fria, caprichosa, cruel e interesseira. É inquestionavelmente uma
personagem-tipo, ainda que desempenhe um papel relativamente significativo no
romance.
Tomás de Alencar
Outra personagem-tipo, Alencar reproduz fielmente a figura
do poeta romântico - alto e asceta, de bigodes negros como os trajes que
enverga, voz grossa e macilenta e postura artificialmente lúgubre.
Eusebiozinho Silveira
Eusebiozinho representa o oposto de Carlos - molengão, fraco
e fútil, excessivamente mimado pela “mamã” e pela “titi”, melancólico e fraco
como Pedro da Maia - merecedor portanto do nada carinhoso diminutivo com que é
tratado já em adulto. Quando Carlos procura a ciência para desafiar o
intelecto, Eusebiozinho procura casas de passe de segunda classe ou
acompanhantes de mau porte.
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