segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Caracterização das Personagens

Carlos da Maia

Carlos é uma pessoa que certamente é das que requerem da parte do autor mais desenvolvimento. Carlos, personagem incontestavelmente modelada, é no entanto produto de uma educação de tipo definido, aparentemente utilizado por Eça de Queirós para representar um indivíduo de formação perfeita, carácter convicto e relativamente reto.

Maria Eduarda

Endeusada pelos olhos de Carlos, Maria Eduarda Maia aparece-nos descrita como uma senhora de porte nobre, elegante e sensual, dotada de espírito e virtuosa de encarnação.

Afonso da Maia

Possivelmente a única personagem a que Eça não associa qualquer defeito. Firme, mas generoso e sensível, é o responsável pela louvável educação de Carlos e a imagem do português sério e ideal, capaz e determinado.

Pedro da Maia

Pedro representa a pessoa frágil por excelência, “em tudo um fraco”. Herdeiro da vulnerabilidade da mãe, sofre de uma debilidade amplificada por uma educação exageradamente beata, centrada no Latim e no estudo das escrituras, que o impede de sair e desfrutar a natureza, encarcerando-o num verdadeiro purgatório terreno. De estatura pequena, também semelhante à da mãe, adquire um corpo capaz de refletir a fragilidade da alma, extremamente sensível e melancólica.

João da Ega

Eça utiliza-o para poder tomar parte diretamente na história e denunciar, com caricaturas e observações satíricas, os valores que a obra num todo parece condenar. Tem uma conduta reta e sempre fiel ao amigo Carlos, que acompanha em tudo. Goza do privilégio de praticar a transição gradual de uma personagem-tipo para uma personagem modelada. Revela complexidade psicológica, que vai paulatinamente adquirindo ao longo da história. É, com a exceção de Afonso da Maia, a única personagem a quem é concedida a descrição de uma reflexão pessoal interior. É o alter-ego de Eça.

Maria Monforte

Mulher fatal, como a filha, responsável pela desgraça de Pedro, Maria Monforte é descrita como dona de um corpo sensual, “semelhante a uma deusa, a uma estátua de mármore” - possivelmente a Vénus no jardim do Ramalhete. Contrastando com esta perfeição corpórea está a personalidade fútil mas fria, caprichosa, cruel e interesseira. É inquestionavelmente uma personagem-tipo, ainda que desempenhe um papel relativamente significativo no romance.

Tomás de Alencar

Outra personagem-tipo, Alencar reproduz fielmente a figura do poeta romântico - alto e asceta, de bigodes negros como os trajes que enverga, voz grossa e macilenta e postura artificialmente lúgubre.

Eusebiozinho Silveira


Eusebiozinho representa o oposto de Carlos - molengão, fraco e fútil, excessivamente mimado pela “mamã” e pela “titi”, melancólico e fraco como Pedro da Maia - merecedor portanto do nada carinhoso diminutivo com que é tratado já em adulto. Quando Carlos procura a ciência para desafiar o intelecto, Eusebiozinho procura casas de passe de segunda classe ou acompanhantes de mau porte.

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