Os Maias distinguem-se no quadro da literatura nacional não
só, pela originalidade do tema mas também, pela destreza e mestria com que o
autor conta o romance. De facto, tanto a crítica social, como a intriga amorosa
são valorizadas pelo rigor e beleza dos vocábulos utilizados. Existem em maior
ou menor grau todos os níveis de linguagem. Da linguagem familiar à linguagem
infantil, o autor apresenta um estilo muito particular. Aliterações, adjetivações,
comparações, advérbios, e personificações enchem Os Maias do início ao final da
obra. De realçar também que, sendo a obra uma caricatura da sociedade
portuguesa, o autor tira imensa partido da ironia.
O impressionismo, bem patente, caracteriza-se pela frequência
de construções impessoais, uma vez que o efeito é percecionado
independentemente da causa, ficando, portanto, o sujeito para segundo plano. -
As sinestesias, através de perceções de tipo diferente traduzindo ironia. - O
uso da hipálage (ex. as titis faziam meias sonolentas), com a transposição de
um atributo do agente para a ação.
Relativamente aos substantivos e adjetivos, a obra de Eça
contém muitos mais adjetivos do que substantivos. É frequente o contraste
substantivo concreto qualificado com um adjetivo abstrato ou vice-versa. Os adjetivos
têm uma função musical e rítmica completando a linha melódica da frase,
aparecendo em séries binárias e ternárias. O advérbio toma funções de atributo
e a sua ação alcança o sujeito ou o objeto. Assim, Eça ampliou o número de
advérbios de modo que a linguagem proporcionava, derivando-os dos adjetivos.
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