sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Linguagem

Os Maias distinguem-se no quadro da literatura nacional não só, pela originalidade do tema mas também, pela destreza e mestria com que o autor conta o romance. De facto, tanto a crítica social, como a intriga amorosa são valorizadas pelo rigor e beleza dos vocábulos utilizados. Existem em maior ou menor grau todos os níveis de linguagem. Da linguagem familiar à linguagem infantil, o autor apresenta um estilo muito particular. Aliterações, adjetivações, comparações, advérbios, e personificações enchem Os Maias do início ao final da obra. De realçar também que, sendo a obra uma caricatura da sociedade portuguesa, o autor tira imensa partido da ironia.

O impressionismo, bem patente, caracteriza-se pela frequência de construções impessoais, uma vez que o efeito é percecionado independentemente da causa, ficando, portanto, o sujeito para segundo plano. - As sinestesias, através de perceções de tipo diferente traduzindo ironia. - O uso da hipálage (ex. as titis faziam meias sonolentas), com a transposição de um atributo do agente para a ação.


Relativamente aos substantivos e adjetivos, a obra de Eça contém muitos mais adjetivos do que substantivos. É frequente o contraste substantivo concreto qualificado com um adjetivo abstrato ou vice-versa. Os adjetivos têm uma função musical e rítmica completando a linha melódica da frase, aparecendo em séries binárias e ternárias. O advérbio toma funções de atributo e a sua ação alcança o sujeito ou o objeto. Assim, Eça ampliou o número de advérbios de modo que a linguagem proporcionava, derivando-os dos adjetivos.

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